Às vezes me pego pensando em tanta coisa que já escrevi aqui, tanta coisa que já escrevi pra ti e quantas lembranças tem aqui nesse blog. Tanta coisa escrita, tantos sentimentos transcritos, quero escrever de forma diferente.
Considero errado eu dizer que você me mudou. Acho justo eu dizer que você me fez conhecer um pouco mais de mim mesmo. Tão insegura, sincera, tão dependente e independente, me fez aprender tanto, me fez crescer tanto.
Hoje eu posso dizer que sei o que tem valor de verdade pra mim. Aprendi a contar meus amigos, não contar pros meus amigos. Sei quem é quem. Hoje sei de verdade o valor que as coisas tem, não somente o preço. Hoje valorizo aquela que me deu a vida, minha mãe.
Ahh.. Minha mãe. Rainha, única. Me ensinou muito mais. Mas não sei porque, a nossa conversa não flui. Minha mãe não me entende. Eu entendo ela, pois sei que nenhuma mãe gostaria de ver um filho que prefere tatuagens e música à estudos e carreira profissional. Entendo como ela deve ficar triste por eu não ser estudioso como ela queria, por ela não me ver me dedicando ao que tem valor pra ela, por não ser o engravatado que ela sempre quis, talvez falando assim soe um pouco radical mas é uma maneira de falar. Cada vez que ela fala que não sabe onde errou na minha criação é uma pontada aqui dentro, sinto como se ela falasse que fui um erro, que não dei certo. Ela não me entende. Não entende que eu sou diferente dela, que eu tenho ideais diferentes, que penso diferente, que gosto de coisas diferentes. Não é porque sou filho dela que devo gostar do que ela gosta, que devo fazer tudo o que ela gosta. Ela me deu a vida, é verdade, mas eu tenho a minha vida. Me sinto por vezes hipócrita por fazer coisas, ou deixar de fazer simplesmente pra agradá-la. Talvez minha mãe nunca perceba o que tem valor pra mim, ou que o que tem valor pra mim não vale de nada pra ela.
Não culpo minha mãe por não me conhecer. Eu não me conheço. Por vezes me pego pensando no que idealizo. Por vezes tenho vontade de fazer uma tatuagem nova e lembro que minha mãe vai ficar desapontada. É muito ruim isso. Infelizmente ela ainda vê com um olhar preconceituoso, talvez essa não seja a palavra. Acho que ela tem a mente muito fechada ainda. Ou talvez simplesmente não goste. Mas o que me questiono é: Ela tem o direito de não gostar, assim como eu tenho o direito de gostar. É simples, não há nada complicado. Desde cedo eu vejo que ela nunca foi ligada a artes, a música, ela nunca teve uma opinião extrema sobre alguma coisa. Sempre procurou o lado certinho, mesmo quando a vida é errada. Até hoje minha mãe não aprecia uma boa música ou gosta de artes, de tatuagem, pintura, grafitti e tudo mais. Faz parte da geração dela não gostar.
Minha mãe não é esse monstro que eu descrevo. Mamãe não tem nada de monstro. É a melhor pessoa que eu conheci, é quem eu mais amo nesse mundo e por vezes nos vejo afastado simplesmente por nossas ideias não baterem. Eu entendo que ela quer sempre me proteger, mas ela tem que entender que eu não posso viver pra sempre nos moldes que ela quer.
Talvez a culpa de tudo seja minha e eu prefiro que seja, prefiro assumir o fardo do que deixar minha mãe arrependida por não ter me criado bem. A criação que eu tive foi a melhor do mundo e é essa mesma criação é a que me permite escrever isso tudo hoje. Talvez a culpa realmente seja minha. De nunca ter falado realmente o que penso mais cedo, de nunca ter dado opinião mais dura. Mas é minha proteção. Prefiro evitar uma discussão. Me protejo no silêncio, talvez tenha medo do julgamento, ou talvez tenha medo de minha mãe morrer de arrependimento quando descobrir o que realmente sou. Ou quando eu descobrir quem eu realmente sou.
Se você tiver acesso a esse blog, mãe, saiba que eu te amo mais que tudo e que você é o bem mais precioso que eu tenho. Se eu fosse o filho que a senhora sonhou, o sonho dele seria ser como eu sou. Isso tudo é pra você.
"Sigo procurando quem eu sou.. sou o que quero ser, sou ser humano, permita-se ser..."
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