Sigo procurando quem eu sou, sou o que quero ser
sou ser humano, permita-se ser..

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Síndrome da Auto-suficiencia.

    De um tempo pra ca venho refletindo, vários pensamentos coerentes, abstratos, certos, errados, loucos, e quanto mais penso e quanto mais olho ao meu redor eu percebo como as coisas hoje em dia estão supervalorizadas e as pessoas estão supérfulas, descartáveis. Parece que progredimos tanto, que a tecnologia avançou tão rápido que nao conseguimos acompanhar essa evolução. Mas a culpa não é somente dela, as pessoas procuram, parece que esse tempo todo guardaram um certo receio, um rancor, medo... Talvez por muito lerem aquele famoso ditado "quem se joga nos pés de uma pessoa é pisado". Talvez seja, mas o tal ditado só se fez valer porque acreditamos nisso. Hoje em dia as pessoas não conversam olho no olho e quando se deparam com uma situação ruim, uma briga, preferem jogar fora tudo o que construiram, seja em relacionamentos ou amizades. Numa semana uma pessoa é tudo e na outra já não é nada, já foi descartada. Muitos de nós perderam a essência, diante da facilidade que é escrever via facebook ou qualquer outra rede "social". Perdemos a essência das relações humanas, do aperto de mão, olho no olho, frente a frente. Cada vez mais interligados via rede social, esquecemos que a verdadeira rede social já existia muito antes da internet. Cada parte disso, desde o momento em que você tem amigos virtuais, até em relacionamentos, onde vemos um tentando correr na frente do outro, um querendo passar o outro pra trás, criamos uma espécie de cordão de isolamento do mundo. Quantas mulheres vemos por aí dizendo que não se entregarão mais, que homem não presta e quantos homens vemos por ai dizendo que mulher é tudo igual?! Tudo isso, desde a internet até o status em uma balada contribuiu pra criar uma síndrome de auto suficiencia. Começam a achar que podem fazer tudo sozinhos, como alguns dizem "nasceram sozinhos, não precisam de ninguém". Aliado a uma rebeldia natural da idade, a maioria dos jovens hoje em dia tem esse pensamento de que são unicos e extremamente independentes e na maioria das vezes confundem independencia com não precisar dos outros. E ai acabam menosprezando, diminuindo uma pessoa pra se sentirem melhor. Tudo isso faz parte de uma necessidade de afirmação própria, baseada no pensamento de que podemos fazer tudo sozinhos. E ai, por vezes, encontramos alguém que muda nosso rumo, ou um obstáculo que precisamos de alguém nos aconselhando, de um aprendizado a mais e perdemos o sentido em que nos encontravamos, nos tornando cada vez mais arrogantes.
  
    Ninguem, absolutamente ninguém vai conseguir passar por essa vida sozinho. Todos nós temos alguém, todos somos capazes de encontrar alguém confiável se confiarmos. Ninguém é tão alguém que não precise de ninguém. E quando isso tudo se junta, temos diversas vezes situações em que escutamos "eu não preciso de você e nem da sua ajuda". Quando você atinge um outro nivel de entendimento em relação ao comportamento humano, fica mais fácil perceber que toda ação gera uma reação. Ninguém se torna arrogante sozinho. Ninguém perde a coragem de se entregar numa relação se antes não tiver sofrido e talvez seja esse nosso maior problema. Todas essas coisas, essas ações são reações pra tentarmos esconder o nosso medo. Medo do julgamento alheio, medo do sofrimento, medo da solidão. Sem ao menos perceber, nos afastamos por medo e afastamos, muitas vezes pessoas que querem nosso bem pelo medo de elas serem passageiras, talvez como alguém que te fez sofrer foi. O medo é se não a melhor, uma das melhores fontes de aprendizado, junto do sofrimento. Pode parecer loucura e é, mas é quando estamos com medo que nosso psicológico trabalha melhor um modo de entender as coisas, um modo de sair do sofrimento. E tão menos podemos ser refém do medo em um mundo em que a felicidade é medida em momentos. E com a facilidade de se esconder hoje em dia, num quarto na frente do computador, nossos medos transbordam em textos, em frases, imagens, mesmo sem saber.
  
    Perdemos tempo demais julgando as pessoas, nos afastando um dos outros, complicando as coisas que são simples. Se você gosta, diz, se incomodou, diz, se sofre, diz, se tá alegre, compartilha. E ta ai o outro vilão junto ao medo. A comunicação. Nos acostumamos a clicar em um X pra fechar a conversa na rede "social" ao invés de resolver nossos problemas. Nos acostumamos a descartar as pessoas, nos acostumamos com a necessidade de estarmos sempre certos, se não, entraremos em conflito com a nossa auto-suficiencia rebelde. Nos acostumamos a viver cheios de razão, a sermos donos da veradade. Nos acostumamos a perder pessoas por medo. Nossos costumes nos levam pra longe um do outro. Clamamos por liberdade, sem ao menos saber qual o sentido da real liberdade, e talvez confundi-la com fazer o que quiser, sem deveres, sem regras, sem pessoas. Nos acostumamos a acreditar que por não estar frente a frente podemos falar o que quisermos. Esquecemos de como a vida é curta. Perdemos tempo demais digitando, tempo que poderia ser gasto com coisas realmente importantes, um passeio, um toque, um olhar. A coisa mais importante da vida nem coisa é. E quando a gente recuperar nossa verdadeira essência, vamos entender que é melhor viver feliz do que cheio de razão.